Convidamos o personal trainer Beto Fusaro para falar da retomada dos exercícios físicos para as pessoas que tiveram a Covid-19.
Fotografia: banco de imagens
Em meio a pandemia muito tem se estudado a respeito dos efeitos nocivos nas funções cardiorrespiratórias e pulmonares no pós covid-19, principalmente em pessoas que passaram por tratamento intensivo, e que tiveram déficits em sua frequência cardíaca, e algum comprometimento do suprimento de oxigênio em outras estruturas.
A resistência física das pessoas ficou comprometida, mesmo quando falamos de atividades simples como subir escadas ou andar. Dependendo do tempo de hospitalização, frequentemente há perda de massa e funções musculares, dores, formigamento, dormência e perda de equilíbrio.
Paralelamente, se identifica o comprometimento cognitivo e componentes relacionados ao estado de humor, ansiedade, stress e depressão. Esse comprometimento cognitivo fica evidente principalmente quando existe o aumento da dificuldade para a realização de pequenas tarefas e exercícios físicos.
Por isso, o profissional que for realizar a prescrição de exercícios para uma pessoa que teve Covid, deverá estudar seu histórico e solicitar uma avaliação médica, além de dar atenção primordial a possível miocardite, para garantir uma boa conduta de treinamento.
Recomendações importantes para quem quer retomar os exercícios físicos e tiveram covid-19:
Todas as atividades deverão ser monitoradas, incluindo a capacidade máxima do corpo de transportar e metabolizar oxigênio durante o exercício (possível limitação cardiorrespiratória acometida durante a doença).
É recomendado que durante as quatro semanas iniciais do período de recuperação da Covid-19, os exercícios não ultrapassem a intensidade leve (até 50% do consumo máximo de oxigênio), que esta atividade seja realizada 3x/semana e com duração de até 45 minutos. Dependendo da resposta clínica a uma possível miocardite, este período poderá ser estendido para 90 dias ou até mais.
Após esta etapa inicial de retorno, e dependendo das avaliações de controle, as atividades podem passar para uma intensidade moderada (de 50 a 70% VO2 máx), 3x/semana, entre 45 e 60 minutos.
Isso vai melhorar o estímulo da imunidade celular devido o aumento da liberação da proteína interleucina 2, que é parte da resposta natural do organismo a infecções microbianas e a fatores externos, onde teremos um melhor recrutamento de células Natural Killer, redução dos radicais livres e antioxidantes do corpo, elevação da concentração das células brancas de defesa e o estímulo de proteínas específicas que interferem na replicação de fungos, vírus e bactérias, que por sua vez aumentarão as atividades de defesa de outras células, proporcionando uma melhor resposta imuno vigilante.
Apesar de muitos estudos a respeito desta nova doença, ainda não sabemos qual é a melhor ou mais eficiente conduta. Com o tempo, será possível observar a melhor estratégia para o retorno às atividades físicas de forma segura. Fica evidente que a prática contínua de exercícios físicos acaba beneficiando o organismo e afasta possíveis complicações da doença.
A produção de hormônios específicos durante as atividades físicas é de suma importância na resposta imunológica do nosso corpo. Desta forma, se manter em movimento é essencial em todas as idades, em particular para os idosos e grupos de pessoas com doenças pré-existentes.
Fica a sugestão para aquelas pessoas que tiveram Covid-19 e se recuperaram sem sequelas aparentes, especialmente os atletas e participantes recreacionais com comorbidades, que, além da avaliação pré-participação inicial, procurem ser avaliados a médio e longo prazo para a elegibilidade plena para a prática de esportes, competitivos e de alta intensidade, visto o pouco conhecimento ainda sobre a evolução tardia desta doença.
Lembre-se: “O Conselho Federal de Educação Física (CONFEF) orienta que as atividades físicas realizadas de forma online, remota ou presencial, devem ser sempre supervisionadas por um profissional habilitado e credenciado, para que possa trazer mais benefícios para a saúde física e mental.”
Quer conhecer mais sobre o trabalho do professor Beto Fusaro? Visite: @personal_betofusaro
