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Ricardo Prado – Sucesso na piscina e fora dela

by Brazil Expat
Ricardo Prado

Conseguir sucesso nos esportes pode ser um grande desafio. Exige uma extrema dedicação, disciplina e força de vontade. Apesar disso, a paixão que move estes atletas de sucesso faz tudo valer a pena. A Brazil Away conversou com Ricardo Prado, ex-nadador e recordista mundial, que falou um pouco sobre a sua trajetória, sobre o esporte e o futuro no país.

Ricardo Prado

Fotografia Créditos: arquivo pessoal/COB

Por Deborah Palma – Ex-observadora nos Jogos Olímpicos de Londres, Rio, NFL, NBA, Roland Garros.

Como foi o processo para ser um atleta?

Costumo dizer que a natação me escolheu e não o contrário. Sou de Andradina e ir ao clube era parte da rotina da minha família. Aos três anos, já estava dentro d’água e rapidamente fui percebendo que era bom no esporte.

Acompanhava as competições e me lembro que fazia uma exibição nadando, e as pessoas admiravam aquele menino pequenininho atravessando a piscina.

Rapidamente, a coisa ficou mais séria, com campeonatos e treinos. Eu era muito exigido e sabia que não era à toa. Meu nível de treinamento chegou a um ponto que, aos 11 anos, eu já queria nadar com os adultos.

Treinar com adultos?

Estamos falando dos anos 70 e 80, cujos índices eram mais fracos, mas fato é que ganhei 8 medalhas no sul-americano, e aos 13 anos levei o Troféu Brasil nos 400 Medley.

Sabia o que queria. Nessa época, houve um divisor de águas para mim: fui para uma clínica de natação em Miami.

Foi nessa época que estudou lá?

Um pouco depois. Com 14 anos, participei dos pan-americanos em Porto Rico e no ano seguinte fui para os Estados Unidos para treinar e estudar. Sem inglês, com pouco dinheiro, queria índice para os Jogos Olímpicos de Moscou, que aconteceria poucos meses depois. Baixei meu tempo em quatro segundos e consegui.

Lá vi atletas mais velhos e experientes que me fizeram perceber que poderia ser igual a eles. Voltei com o 12º lugar.

Ricardo Prado, quais suas grandes conquistas?

Em 1982, participei do mundial em Guayaquil e nos 400m Medley ganhei a prova, estabelecendo o novo recorde da competição com 4’19’’78, que se manteve até maio de 1984.

Nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, o canadense Alex Baumann ganhou e eu fiquei com a prata, com 4´18”, abaixo do meu recorde de 1982.

E depois?

Ainda participei de outro mundial, Universíade, Pan-americanos e depois parei. Sinceramente, fiquei desmotivado, pois esperava um reconhecimento do país e isso não aconteceu. Tinha 23 anos. Após abandonar as piscinas, terminei meus estudos nos Estados Unidos. Tenho mestrado em Economia e graduação em Educação Física.

Dei treino lá nos Estados Unidos e aqui no Brasil, no Flamengo e na Hebraica.

Fui gerente nos comitês organizadores dos Jogos Pan-americanos Rio 2007 e dos Jogos Olímpicos Rio 2016. Hoje, ministro clínicas e palestras dentro e fora do Brasil, além de ser comentarista de grandes competições em alguns canais de esportes. Também sou Diretor de Desenvolvimento da Confederação Brasileira de Desportes Aquáticos.

Aproveitando, como você vê hoje o esporte brasileiro?

É infinitamente melhor, graças aos incentivos e competições. Atletas têm uma trajetória mais fácil e são bem cuidados. Nosso país é um dos 10 países mais avançados no esporte, mas precisamos aprender a finalizar, ou seja, ganhar medalhas e títulos. Em Tóquio, já nos aproximamos dos top 10 e acredito que avançaremos muito.

Muita diferença na natação da sua época para hoje?

Ah, com certeza. Naquela época, não havia muito critério de quem ia e quem não ia para as competições. Hoje, eles são claros. Há investimentos em atletas, treinamentos, competições e melhorias na infraestrutura.

Há a vantagem de ser um esporte que é aprendido desde cedo, por conta da necessidade de segurança na água. Muitas dessas crianças vão para treinamento e o sistema está de olho nelas.

Que nomes o Ricardo Prado aponta para o futuro da natação brasileira?

Vejo nomes que prometem como Stephanie Balduccini, Stephan Steverink, Murilo Sartori e o Fernando Scheffer que já vem despontando. E não podemos esquecer nossas inspirações para os mais jovens, como o Nicholas Santos com 40 anos.

Para finalizar, como resume o esporte e a vida?

Esporte é um estilo de vida onde você pode ser saudável, e que pode te levar ao sucesso. Mas o que o tornou nobre foram suas experiências e bons exemplos.

Não podemos esquecer o potencial que tem enquanto ferramenta de educação e de transformação social do mundo. Essa é a verdadeira missão do esporte.

 

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