Conheça um pouco mais sobre o mundo das conferências internacionais.
Por Gisele Montano, veterinária e pesquisadora de animais marinhos.
Fotografia arquivo pessoal
Quem nunca sonhou em viajar e participar de conferências sobre sua área de trabalho? Mas sabemos que não é tão fácil assim! Temos desafios como: língua, orçamento e localidade. Para essa edição convidamos Gisele Montano, veterinária e pesquisadora de animais marinhos, para falar um pouco sobre suas experiências e o congresso que ela irá participar em 2022.
Lembro que a primeira vez que fui a um congresso nos Estados Unidos, eu ainda morava na Cidade do México e estava cursando a faculdade de veterinária, em 2005. Eu não falava bem o inglês, mas convidei uma amiga que gostava muito de viajar (e falava bem inglês).
Chegamos em Chicago e fazia mais frio do que eu pensava. Ficamos em um hotel perto da conferência. Eu me lembro que anotava tudo o que eu podia dos slides. Tentava entender o que os palestrantes falavam. Terminava o dia muito cansada, lia tudo o que eu havia escrito e tentava me lembrar dos rostos e nomes das pessoas. Como éramos estudantes e não tínhamos muito dinheiro, nosso jantar era uma banana e um muffin do café da manhã gratuito do hotel. Não conseguia socializar muito, pois ficava com vergonha do meu inglês e da falta de experiência (claro, pois ainda era estudante). Eu era a mais nova naquele ambiente e a única brasileira. O mundo de clínicas e reprodução de animais aquáticos de instituições zoológicas é muito pequeno. As pessoas que estavam lá nessa conferência continuam trabalhando na área e tenho colaborado e visto eles desde então. Fico feliz de não ter desistido ou desanimado.
Existe uma conferência que eu gostaria de ir todos os anos (IAAAM, International Association of Aquatic Animal Medicine). Considero quase um encontro de amigos, pois nosso mundo de medicina em animais marinhos de zoológicos é realmente pequeno. São cerca de 350 pessoas de vários países. É a mais importante a nível mundial, já que os melhores profissionais estão sempre presentes e as palestras são bastante interessantes. Mas, para fazer uma comparação, e para que vocês tenham uma ideia das dimensões das conferências nos Estados Unidos, o VMX (a maior reunião de veterinários do mundo, que acontece todos os anos aqui em Orlando, FL) recebeu o número recorde de 18.000 pessoas em 2018 em um evento que durou 5 dias. Tomemos um segundo para pensar como organizam um evento deste porte, com várias aulas, workshops e reuniões acontecendo ao mesmo tempo no maior centro de convenções da cidade.
IETS. International embryo technologies society (Associação internacional de tecnologias de embrião)
Neste mês de janeiro participei do congresso internacional sobre reprodução animal (IETS). Fiquei feliz pois foi focado justamente a área na qual eu trabalho. Geralmente vou a conferências de animais aquáticos, mas o enfoque foi principalmente clínico, com algumas palestras de reprodução. Participei da pré-conferência, que durou um dia (reflexo do tamanho do meu mundo profissional). Mas o tema foi reprodução animal em espécies não domésticas, de companhia ou ameaçadas, um assunto do meu total interesse. Os outros dias foram dedicados ao desenvolvimento tecnológico da reprodução em animais domésticos, na sua maioria bovinos. É realmente incrível o nível da tecnologia que pode ser aplicada, porém muitas delas ainda não posso usar no meu trabalho. Mas estou orgulhosa de fazer minha contribuição na medida do possível. Este ano, nesta mesma conferência, um colega vai expor um pôster que fizemos juntos sobre métodos de congelação de sêmen de tubarão. O avanço da ciência às vezes exige paciência e determinação.
Se você quiser conhecer mais sobre as pesquisas que Gisele participa, visite: www.SeaWorldcares.com e www.reproductiveresearch.com
