2022 ainda nem acabou, mas já dá pra dizer que foi um ano bem inesperado do ponto de vista dos investimentos. Todos sabíamos que a inflação seria um desafio, mas não imaginávamos o quanto.
A Guerra da Ucrânia jogou lenha e atiçou uma fogueira que todos juravam que estava prestes a se apagar. O boicote a produtos russos e restrições no acesso ao seu petróleo e gás fizeram os economistas reverem suas projeções para a inflação: a alta de preços não seria mais apenas temporária.
O covid
Além disso, a política de Zero Covid na China com lockdown em diversas regiões, mesmo com grande parte da população global vacinada, adicionou complexidade à uma rede logística já congestionada. A falta de componentes eletrônicos fez explodir os custos de produção de carros, e consequentemente, os preços ao consumidor. Pela primeira vez na vida, vi gente ganhando dinheiro ao revender seus carros usados.
Foi um ano difícil para os investimentos: as ações despencaram mundo afora, renda fixa, idem. Fundos imobiliários, criptomoedas, etc… tudo caiu.
A poupança
A caderneta de poupança e seus equivalentes internacionais até deram aos seus investidores uma falsa sensação de estabilidade, mas na realidade, renderam menos que a inflação. Ou seja, o seu investimento vale menos do que antes.
2023
E o que se espera para 2023 no mundo é maior desaquecimento das grandes economias como consequência do controle da inflação.
Para quem mora no Brasil
Os títulos do Tesouro Direto reajustados pela inflação (Tesouro IPCA+) continuam como os meus favoritos, pois além de proteger da inflação, estão remunerando com juros adicionais elevados. Fora a segurança desse tipo de investimento que é considerado o mais seguro do Brasil. Eles podem ser comprados no site do Tesouro Direto (https://www.tesourodireto.com.br/) contanto que você tenha uma conta numa corretora.
Mas há também CDBs que estão pagando mais de 100% do CDI – excelente oportunidade com muito pouco ou quase nada de riscos. Esse vai depender das ofertas que variam de banco para banco.
Para quem vive no Brasil está mais fácil de conseguir aliar bons rendimentos e segurança.
Para quem mora fora do Brasil
Os EUA também tem seu equivalente ao Tesouro IPCA+ brasileiro, eles se chamam TIPS (Treasury Inflation Protected Securities) e podem ser comprados no Treasury Direct (https://www.treasurydirect.gov/). Mas atenção, porque por lá o desafio é maior. Enquanto o Brasil começou a subir as taxas de juros antes, os EUA ainda estão indo aos pouquinhos e ninguém sabe ainda em que ponto eles devem parar. E quanto mais a taxa Fed (equivalente americana da taxa Selic no Brasil) sobe, pior é a performance desses títulos no curto prazo. Ainda assim, esses títulos tendem a ser mais seguros que as ações.
Até mesmo uma Savings Account básica pode não ser de todo má ideia até que a tempestade do mercado financeiro se acalme.
Para os que estão na Europa, o desafio é ainda maior. Com a guerra e os questionamentos em relação ao suprimento de energia e uma possível crise econômica inglesa, eu buscaria diversificar investindo em ativos em dólar. Outra boa opção são os Fundos Euro, que são protegidos de queda.
Além disso, acho que vale ressaltar que apesar do Brasil parecer hoje um oásis no mundo dos investimentos, para os brasileiros que moram fora, há sempre o risco da desvalorização do real e você pode perceber que de repente tudo o que você ganhou em rendimentos altos, você perdeu com a queda do valor da moeda.
Para finalizar, apesar das expectativas para 2023, uma coisa é certa: o futuro é incerto e o economista é muito bom em falar do que já aconteceu e ler cenários possíveis, mas como qualquer outro mortal, somos péssimos em acertar o que de fato vai acontecer.
Então, meu conselho para o próximo ano é: segure firme e mantenha sua estratégia de longo prazo com uma dose bem equilibrada de coragem e prudência!
Desejando um feliz 2023, cheio de sucesso nas finanças e nos seus investimentos!
