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Comprar imóveis fora do Brasil, vale a pena?

by Brazil Expat
vale a pena comprar imóveis fora do brasil

Dizem que a resposta padrão de todo economista a qualquer pergunta é sempre: depende! E como bom economista não vou fugir à regra. Ora, “fora do Brasil” é um universo muito grande, e ainda que definíssemos apenas uma cidade no mundo, tudo dependeria das condições do imóvel, da localização, do preço e etc. Além disso, e o que considero fundamental, é que comprar um imóvel só pode ser um bom negócio se você:

1 – Tiver condições de arcar com as prestações (ou quitá-lo à vista) sem sacrificar sua saúde financeira; e

2 – Que você tenha uma boa reserva de segurança e esteja investindo para sua aposentadoria.

Qualquer coisa diferente disso, seu sonho corre sérios riscos de se tornar um pesadelo. Dito isso, vamos agora direto ao ponto. Vou usar alguns exemplos pessoais que acredito que irão ajudar.

Eu e minha esposa, há poucos anos, compramos juntos um apartamento na Grande Paris. O valor do imóvel foi 100% financiado pelo banco. Como as prestações cabiam no limite de 30% da nossa renda mensal, não precisamos dar absolutamente nada de entrada. E o melhor, a taxa de juros acordada pelo banco foi de apenas 1.3% ao ano para um financiamento de 25 anos. Ou seja, nós trocamos pagar o equivalente a 3.5% ao ano de aluguel (aluguel anual dividido pelo valor estimado do imóvel que morávamos) por juros de 1.3% para ter nossa casa própria. 1.3% é uma taxa muito baixa. Para se ter uma ideia, a inflação na França hoje está em torno de 4.5% ao ano, e a própria caderneta de poupança do país remunera suas contas com um percentual bem próximo a este.

Dou este exemplo porque eu sei que ele não se restringe à França. Em diversos países do mundo, as taxas de juros de financiamento imobiliário são bem baixas, oferecendo este tipo de oportunidade. Nos EUA, por exemplo, os juros pagos no mortgage ainda podem ser deduzidos do Imposto de Renda – o que é em si uma baita ajuda.

E por falar em EUA, há 10 anos eu me inscrevi em algumas corretoras para receber propostas de vendas de imóveis por lá. Eu ainda morava no Brasil, e julgava o investimento interessante por três razões principais:

1) O valor das casas ainda estava baixo devido à ressaca da crise imobiliária dos anos 2007 a 2009;

2) O juros do financiamento estavam baixos;

3) O dólar custava R$2,00 e tudo indicava que isso não iria se sustentar por muito tempo.

De lá para cá, o valor médio dos imóveis nos EUA subiu fortemente (para se ter uma ideia, só em 2021, subiu quase 20%), os juros continuam abaixo da inflação, e o dólar mais que dobrou de valor no período. Ou seja, uma casa de US$100 mil, só pela apreciação cambial, subiria do equivalente a R$200 mil para R$480 mil reais. Ao financiar a casa pelo banco, você se beneficiaria dessa alta sem precisar desembolsar todo o valor, o que em finanças se chama de alavancagem.

Mas é preciso atenção!

  • Antes de comprar um imóvel em um país estrangeiro, é preciso entender as regras que se aplicam. Em alguns países existem diversas restrições e asteriscos embutidos.
  • Se o intuito for investir, procure áreas que estejam se expandindo, com crescimento populacional. As chances de valorização são maiores.
  • Há grande expectativa de que os juros devem subir pelo mundo. No Brasil esse movimento já está de vento em popa, e outros países do mundo devem ir pelo mesmo caminho, pois os juros são um dos mecanismos de controle da inflação.

O aumento dos juros pode impactar negativamente o valor dos imóveis e ainda aumentar o valor das prestações dos novos financiamentos. Um outro ponto que vale mencionar é que o investimento em imóveis para uso próprio é mais prático e menos arriscado e custoso. Você não tem que lidar com inquilinos, período de vacância e taxas de imobiliária. E eu gostaria de encerrar dizendo que eu acredito que a compra de um imóvel no exterior pode sim ser um bom investimento do ponto de vista financeiro. Mas acima de tudo, pode ser também uma boa decisão pelo lado afetivo e emocional. Ser dono do próprio teto, um lugar para chamar de seu, pode te proporcionar prazer e segurança.

Porque, apesar de tudo, nem todas as decisões das nossas vidas devem ser tomadas apenas com base numa planilha em excel.

O controle das finanças é uma ferramenta muito útil para nos auxiliar, mas não podemos esquecer que a vida é muito maior que isso…

A todos, um grande abraço!

Riko é Economista pela UFRJ, também formado em Relações Internacionais e MBA em Finanças pela Bordeaux University School of Management, na França, é um legítimo Brazil Away, tendo vivido em 5 dos continentes. É autor dos livros “Aprenda a investir na Bolsa de Valores” e “E se você não morrer amanhã?” sobre planejamento financeiro pessoal. Este último foi publicado pela editora europeia Chiado Books, e, em seu lançamento, foi o livro brasileiro sobre finanças pessoais mais vendido da categoria, na Amazon Brasil. Foi, posteriormente, traduzido para o inglês e o francês. Riko também é o autor do blog henriquecer.com, com publicações semanais desde 2013, e do Podcast do Riko Assumpção, disponível no Spotify, entre outras plataformas.

Quer conhecer mais sobre Riko Assumpção? Visite: @11riko

Veja mais em nossa seção de finanças.

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