Por Roberto Shinyashiki – Médico psiquiatra e psicoterapeuta
Eu adoraria ajudar você a transformar o amor que tem pelos seus filhos em ações que os ajudassem a ser adultos felizes.
Fala-se muito em educação para o sucesso, mas todos nós sabemos que é mais importante ser feliz do que bem-sucedido. É claro que a realização é fundamental, mas sucesso sem felicidade é uma das piores formas de fracasso.
Antes de tudo, quero apresentar minhas credenciais para falar sobre educação de filhos: além de pai de cinco filhos, sou médico psiquiatra e psicoterapeuta.
Há quarenta anos, tenho a oportunidade de orientar tanto grandes empresários do mundo inteiro como também filhos de empresários. Quando converso com esses jovens, percebo neles os resultados das ideias educacionais de seus pais. Alguns são pessoas bem formadas, outros são infelizes por carregarem o peso de ter de se tornar o adulto que seus pais desejaram que eles fossem.
No momento em que eu os encontro, sei que será muito delicado o trabalho para recuperar a alma magoada de quem sofreu um processo educacional que não respeitou sua personalidade.
Se a alma do filho não foi escutada e muito menos respeitada, então, esse filho se transforma em alguém inadequado, desencontrado, perdido, sem espiritualidade, sem valores claros, sem emoções autênticas e sem condições de se relacionar direito com a sociedade e consigo mesmo, consequentemente, com enormes dificuldades de ser feliz.
Por outro lado, percebo que a vida dos filhos daquelas pessoas que respeitaram suas vocações é muito mais fluida e feliz. Todos têm desafios para enfrentar, mas o maior deles é ser um peixe e ter de lutar para viver no ar, ou ser uma águia e ter de enfrentar dificuldades debaixo d’água.
Nosso maior desafio como pais e mães é ajudar nossos filhos a descobrirem se eles são águias ou peixes. Depois, é ajudar as águias a aprenderem a voar, e os peixes a aprenderem a nadar. É complicado dar limites para um pássaro, assim como é complicado deixar um cavalo correr solto a vida inteira.
Cada pessoa precisa de uma orientação dirigida a ela própria. Sempre pensei que a minha função como pai era dar apoio aos meus filhos para realizarem suas vidas da melhor maneira que eles quisessem.
Hoje, a minha fé nessa ideia se multiplicou ao infinito. Fui testemunha de algumas de suas derrotas, aplaudi suas vitórias, torci em cada desafio, chorei ao ver suas frustrações, fiquei preocupado com suas doenças, mas sempre acreditei que eles saberiam encontrar o próprio caminho.
Ver a dignidade de cada um deles ao enfrentar os desafios que aparecem em suas vidas, o sorriso de alegria e a oportunidade de conversarmos como amigos é um dos maiores presentes que a vida me dá. Tenho certeza de que nós, pais e mães, somos guardiões das histórias de nossos filhos, mas cabe a cada um deles escrever o próprio destino.
Querer transformar um cacto em uma amoreira será uma agressão à sua alma. E a infelicidade de muitas pessoas começa exatamente quando seus pais têm um projeto de vida grandioso para elas, e elas nem mesmo sabem, ao certo, qual é o sentido real de sua vida.
Ser pai e ser mãe, portanto, não pode ser enquadrar seu filho em um projeto de vida que você criou para ele, mas sim ajudá-lo a realizar sua própria vocação existencial. Uma criança, quando nasce, é como um broto de planta rasgando a terra. Se ela será uma roseira, um cacto, um eucalipto ou um girassol, isso está escrito em sua natureza, e é com ela que pai e mãe precisam se preocupar. Ajude seu filho a descobrir a vocação de vida dele e, principalmente, apoie-o para que se realize nessa vocação.
Ser pai e ser mãe, portanto, não pode ser enquadrar seu filho em um projeto de vida que você criou para ele, mas sim ajudá-lo a realizar sua própria vocação existencial.
