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Festival de Parintins

by Brazil Expat
Festival de Parintins

No último fim de semana de junho, no meio da floresta amazônica, os bois Caprichoso e Garantido protagonizam um espetáculo que encanta pela ousadia, criatividade e gigantismo, o Festival de Parintins.

Festival de Parintins

Fotografia: Secretaria de Comunicação Social de Parintins

Reconhecidos como Patrimônio da Cultura Nacional, os bumbás transformam Parintins, município que fica a 400 km de Manaus, em um palco de cores, música, dança, costumes e rituais. A capital Nacional do Boi-Bumbá, como ficou conhecida, possui o maior celeiro de artistas do Estado do Amazonas. A cidade que respira arte, reflete nos módulos alegóricos movimentos que podem ser vistos nas apresentações durante os três dias de festa.

O evento tem como característica maior a rivalidade entre Boi Caprichoso (da cor azul) e o Boi Garantido (da cor vermelha), ao ponto de os torcedores não pronunciarem o nome do adversário, preferindo usar o termo “contrário”.

A festa, que começou em 1965 na quadra da JAC, ainda sem uma disputa oficial entre os bois, hoje é realizada no Centro Cultural de Parintins, o Bumbódromo, construído em formato estilizado que lembra a cabeça de um boi e tem capacidade para receber aproximadamente 35 mil expectadores. São mais de 50 anos de disputa, no entanto, a brincadeira de boi na cidade tem mais de um século.

Origem do Festival de Parintins

A brincadeira tem origem nordestina no Auto do Bumba-meu-boi do Maranhão, na fábula de um boi de pano pautada no tripé de desejo, morte e ressurreição. Catirina, grávida, deseja comer a língua do novilho mais bonito da fazenda. Pai Francisco, seu marido, para satisfazer seu desejo de grávida, mata o boi, despertando a tristeza da Sinhazinha – a quem tinha o boi como seu animal de estimação – e a ira do Amo – dono do animal e pai da Sinhazinha, que exige que seus vaqueiros procurem o responsável pela morte do boi.

Para a felicidade de todos, o boi é ressuscitado pelo Pajé. Em Parintins, o festival surgiu para ajudar a conseguir recursos para finalizar a construção da Catedral de Nossa Senhora do Carmo, padroeira do município, e teve início com uma brincadeira de rua, onde as pessoas seguiam o cortejo do boi de sua preferência.

A partir de então, a brincadeira ganha outros personagens que se juntam ao casal de protagonistas para dar uma nova dinâmica à apresentação. O boi Caprichoso, da estrela na testa, tem seu nascimento na parte velha da cidade, o Bairro da Francesa. Já o Garantido, o boi do coração na testa, domina o reduto da Baixa do São José e Bairro de São Benedito.

O festival de Parintins surpreende também pelas alegorias e coreografias executadas por dançarinos autodidatas, que se dedicam aos ensaios desde março. Durante os dias de festa, os visitantes e simpatizantes dos bois podem se divertir e ouvir muita toada nos eventos paralelos acontecendo em palcos alternativos, localizados na orla da cidade e nos balneários das comunidades circunvizinhas.

Fazem parte dos eventos tradicionais dos bois de Parintins a Alvorada do Boi Garantido, Patrimônio Cultural do Estado, que marca o início dos eventos do boi da Baixa do São José, realizada sempre no dia 1º de maio, e o Boi de Rua do Boi Caprichoso, também patrimônio Cultural do Estado.

A data da sua realização é móvel, podendo marcar o início ou o encerramento da temporada de eventos do boi da Francesa.

A Economia

O Festival Folclórico movimenta a economia local e de acordo com levantamentos da Empresa Estadual de Turismo do Amazonas (Amazonastur), o município recebe, em média, R$82 milhões por ano durante a semana de festa. A estimativa é baseada no fluxo de turistas. Porém, o evento que atrai em média 60 mil turistas, teve duas edições suspensas por conta da pandemia do novo coronavírus.

Pelo segundo ano consecutivo, Caprichoso e Garantido levaram para o Bumbódromo, em junho deste ano, uma apresentação com o mínimo de pessoas envolvidas, para evitar aglomerações. O objetivo era manter a tradição do festival, adiado novamente por conta da pandemia. Os bumbás entraram na arena com transmissão pela TV aberta e live na emissora oficial do Festival.

O evento teve o objetivo de gerar renda para trabalhadores envolvidos no evento, principal propulsor econômico da cidade. Além do festival, o município trabalha como forma de incentivar a cadeia cultural dando apoio na execução dos 76 projetos e 24 espaços culturais aprovados na Lei Aldir Blanc, do Governo Federal.

Retorno dos eventos presenciais

O esquema de vacinação em Parintins é um dos mais avançados no estado e, com isso, o município retorna aos poucos com as festividades artísticas e culturais. As festas como o aniversário da cidade, o aniversário do Boi Caprichoso, a confraternização dos integrantes da Velha Guarda do Boi Garantido, além de demais eventos previstos para ocorrer, fazem parte de uma série de eventos-piloto para explorar diferentes abordagens de distanciamento social, além do avanço da vacinação para realização de eventos de grande porte como Festival Folclórico, que deve acontecer com 50% da capacidade de público no Bumbódromo. Este deve ser o maior evento cultural no Amazonas nos últimos anos, com a injeção de R$100 milhões na economia da cidade.

 

 

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