Home » Entretenimento no Brasil – Aqui & Acolá

Entretenimento no Brasil – Aqui & Acolá

by Brazil Expat
Aqui & Acolá - Wagner Rusca

Estão acabando as matérias da viagem de 30 dias, sozinho, pelo Brasil. Como sabem, ando “Aqui & Acolá”, arrecadando experiências e sentimentos em busca das nossas origens. Nesta matéria, conto sobre os últimos estados que visitei: Minas Gerais, uma breve passada pelo Rio de Janeiro e São Paulo. Na edição anterior, contei sobre as maravilhas e as delícias da – tão famosa – Bahia e do super cool Pernambuco. Nesta edição, vamos descer um pouco o mapa. Vamos viajar um pouquinho com a gente?

Minas Gerais

Aqui & Acolá minas gerais

É difícil pensar em Minas e não lembrar, diretamente, da habilidade e maestria dos conterrâneos desse estado em transformar leite em queijo e em doce de leite. E é igualmente difícil não pensar no sabor marcado dessa terra, que usa e abusa de temperos para fazer brilhar uma cozinha temperada e bem feita. Uma cozinha consistente, que é referência no Brasil todo. Cheguei em Minas por Belo Horizonte. Primeira parada: Mercado Central. Alí há de tudo que precisamos: biscoito de queijo, pão, cafezinho, bares, compotas, laranjadas, artesanatos e muita, muita gente. Esse mercado é um dos melhores do Brasil, pois de fato tem de tudo. E tudo com muita qualidade. Fiquei contente ao sentir o cuidado com a limpeza, a organização e a gestão geral deste centro.

Na sequência, comecei minha vivência pela “Estrada Real”. Subi para Diamantina. E ali vivi experiências marcantes, como a visita – que ansiava tanto – à casa e à vida tão “por baixo dos panos” de Xica da Silva. Senti sua energia. E também a dúvida que me deixa reflexivo a respeito do porquê sua biografia é tão pobre. É quase inexistente. Claro que meu pensamento direciona ao preconceito. Já imagino um grupo de senhoras brancas, amargas e afundadas em seus chás da tarde e nas orações dos confessionários das igrejas barrocas dessa terra, tramando e abafando as ilustres histórias dessa rainha que brilhou na sua vida e ruas do Arraial do Tijuco, atual Diamantina. Enfim, fica a reflexão.

Descendo pelo estado, me surpreendi com a forte energia de Ouro Preto. A dicotomia do ouro e da escravidão, marcados no âmago dessa vila, permeou toda a minha estadia. Foi uma experiência muito importante para sentir a nossa história, ou parte dela.

Em Tiradentes, consegui descansar destes 30 dias viajando pelo país. Dormi cedo e despertei com a roça ascendendo e o galo cantando às 06:30. Apreciei a Rua Direita e, quase encerrando essa expedição, agradeci imensamente às divindades por adquirir tamanhas referências e conhecimentos sobre minhas raízes e meu país. Em Minas Gerais, senti que estava na terra do Espírito Santo. Impresso em muitas lojas de decoração, artesanatos ou mesmo no coração das pessoas que ali vivem, vivenciei a religião exacerbada em todos estes significantes.

Conheci o sabor do “ora-pro-nóbis”, vegetal que ali também cresce. Porém, mais que o sabor – que adorei – me encantei por sua história. Do latim, quer dizer “orai por nós”. E foi cultivada e distribuída por um padre, como nutriente proteico aos mais carentes. Conota a fé e a esperança na história humana. Contudo, e com um olhar positivo, fecho esse estado com uma boa colherada de goiabada cascão – mais uma das iguarias, tão doce, do sotaque envolvente dessa terra.

Rio de Janeiro – Petrópolis

Aqui & Acolá - Rio de Janeiro

Aqui, a passagem foi rápida. Desci de carro, desde Diamantina, pela Estrada Real até Petrópolis.

Neste caminho, só conseguia pensar na quantidade de ouro que destinava aos portos e escoava de Paraty e do Rio de Janeiro para Portugal. E, claro, por isso, também os diversos conflitos que ali escorriam pelos caminhos. Em Petrópolis, cidade em que o próprio nome já denota: Cidade de Pedro(s). Ambos os imperadores Dom Pedro I e seu filho, Dom Pedro II adoravam esta região. Por ser serrana, os tomates colhidos dali são mais vermelhos, a grama mais verde e o clima mais ameno e “europeu”. Eles trabalhavam 6 meses no Rio de Janeiro e 6 meses em Petrópolis.

O amor do último imperador era tamanho, que seus restos mortais estão ali na catedral. Assim como os restos mortais da imperatriz Teresa Cristina, claro. Com ar totalmente europeu, e ainda mais alemão, Petrópolis é uma cidade encantadora. E cheia de muitas histórias da corte. Não sei se pelo destino ou por uma simples coincidência, visitei a Catedral de Petrópolis justamente no dia de celebração de 196 anos de Dom Pedro II, nascido em 02/12/1825. Assim, pude cruzar com alguns integrantes da família (e dinastia) dos Bragança.

Que honra, não é mesmo?

São Paulo

São Paulo

Tudo o que começa, uma hora acaba. E muito do que acaba, começa ou recomeça em outro tempo ou lugar. Eu vim daqui, de São Paulo. Mais pro interior. Terra da garoa e do progresso.

Sim, chegou ao fim essa temporada intensa e imensa de brasilidades, da viagem com destino à nós mesmos, à origem. E pra isso, encerro estes “textões relatos” dessa linda jornada (que comecei em novembro do ano passado), com o amado estado de São Paulo. E aqui 2 cidades, quase que opostas, despertam a atenção.

A grandiosa São Paulo: intensa e enérgica cidade formada por muita gente dos estados que visitei. Também de outros países: japoneses, sírios, italianos, libaneses e etc. E a pequenina (e tão marcante) Descalvado: calma e cheia de minhas histórias. Que mexe e remexe com o meu psicológico. Que é passado, por ser origem, e também futuro. Onde tem uma das igrejas mais bonitas do mundo (a Nossa Senhora do Belém ou Matriz, pros locais).

Terra onde eu sinto o aroma do refogado se espalhando pela casa – e por toda a minha memória. Base de qualquer refeição, esse cheiro parece se espalhar pela minha mente feito magia, conotando instantaneamente o sentimento de nostalgia. De familiaridade. De casa. E confesso que, em todas as cidades que andei, senti semelhança nesse aroma. Próximo das 11h da manhã, ele anuncia o alimento, o almoço. E pra mim, pertencimento. O Brasil e seu refogado é morada. É alimento de corpo e alma.

Desse estado, lembro também da minha visita ao Museu da Imigração. Contando o ritual italiano do fio que – de um lado – os parentes e amigos seguravam uma ponta.

E do outro, o emigrado. E a quando o navio começava seu caminho, o fio esticava até arrebentar no meio do cais. Chorei quando li, e choro agora tbm. Para mim, tem um significado tão forte. Parece mesmo que a gente tem que cortar o cordão umbilical (com a mãe, o pai, os amigos e o país) a cada vinda e ida. É sempre uma emoção diferente. E, dessa vez (por tantos motivos) senti que a nossa vida pode estar por um fio. Pode ser muito efêmera. Por isso, tem que fazer sentido.

Sentirei saudades das claras noites brasileiras. Mas sigo meu caminho. (Muito) empolgado e tenho bastante a construir aqui e lá. E vou feliz, beeeem alimentado e com muita força física, psíquica e espiritual. Antes de encerrar estes relatos, gostaria de agradecer ao leitor pela leitura, pela família e amigos pelo apoio e cada pessoa que falei, em todos os dias dessa gigante imersão. Viva as relações. Vocês me constroem a cada palavra, gesto e olhar.

E levo todo esse calorzão no coração, para enfrentar o friozinho que faz na Europa. Vou, mas volto. E volto muito logo. E se você me perguntar se valeu a pena, te responderei que foi além disso, querido leitor. Ao meu ver, foi o melhor investimento realizado na minha vida. Único, potente e emancipador. Espero ter inspirado para que conheça não apenas o Brasil, mas suas raízes, seus porquês e que sua origem inspire os seus próximos passos. A sua existência.

Até breve!

SAIBA MAIS: Para ver mais dessa vivência, você pode seguir o perfil do Instagram do Wagner (@wagnerrusca).

Related Articles

This website uses cookies to improve your experience. We'll assume you're ok with this, but you can opt-out if you wish. Accept